As revoltas agrícolas na União Europeia (UE) - não é apenas em França que os agricultores estão em pé de guerra - são um sinal dos equívocos em que a UE navega e que parecem ser combustível para a sua destruição, enquanto vão alimentando o crescimento da extrema-direita. Uma visão económica ultra-liberal e uma rigorosa regulação burocrática do combate às alterações climáticas parecem ser as causas do actual descontentamento. Os agricultores europeus estão sujeitos a objectivos de protecção ambiental exigentes. Isto deriva da regulação da UE. Por outro lado, a ideia de mercados abertos conduz a que os agricultores Europeus estejam sujeitos a uma concorrência desleal proveniente de países onde as regras de protecção ambiental, caso existam, são muito menos severas.
Nas sociedades avançadas, a percentagem de pessoas que dependem directamente da agricultura é diminuta. Isso poderá ter induzido os responsáveis da UE a negligenciar os interesses dos seus agricultores. Representam poucos votos. No entanto, estão a cometer um erro. O peso simbólico do mundo agrícola é muito maior do que o seu peso eleitoral e tem capacidade de mobilizar a simpatia pelas suas causas muito para além das zonas agrícolas. Há duas coisas que a UE parece não estar a compreender. O dever de protecção dos seus cidadãos é fundamental em qualquer comunidade política. Em segundo lugar, o combate pelo ambiente terá de ser feito com os agricultores e não contra os agricultores. Isso implicará que a sociedade, no seu todo, contribua para auxiliar o mundo agrícola a adaptar-se às exigências do combate contra a degradação ambiental.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.