Num artigo do Público, A ciência é invisível nos debates e imutável nos programas eleitorais, a investigadora Mariana Carmo Duarte afirma: Os partidos querem diferenciar-se. A ciência não é um assunto saliente, nem mobilizador ou politizado, portanto não o debatemos e torna-se cada vez menos politizado. Há um equívoco na apreciação feita. O facto de a ciência não ser debatida é já uma modalidade de politização da ciência. Como as sociedades actuais dependem em grande parte da ciência, tanto da ciência aplicada às necessidades do quotidiano, como da ciência pura, o fundamento da aplicada, não trazer a questão da ciência ao debate público é uma opção política forte e revela uma atitude das elites políticas perante o investimento em conhecimento científico.
Esta opção política, relativamente à ciência, dos partidos poderá ser uma espécie de passadeira vermelha para que a discussão sobre a política científica se faça em torno de problemas aberrantes, como o criacionismo, o questionamento ideológica da teoria da evolução de Darwin, das ciências do clima ou até da investigação científica aplicada à produção de vacinas. A aparente despolitização da ciência é apenas um acto de má fé, no sentido sartreano, de tomar decisões pela não decisão, abrindo o caminho para uma politização histérica da ciência, a qual envolverá os habituais teóricos da conspiração e ameaçará o desenvolvimento científico do país.
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