As declarações de Trump sobre a NATO trouxeram à luz o quão irrisório é o debate político nacional em vésperas de eleições. A questão política central, da qual todas as outras dependem, é a escaldante situação internacional. Ninguém quer falar disso, ninguém quer falar de que nos anos da nova legislatura podemos estar metidos em grandes sarilhos, os quais não dependem de nós, mas que nos podem envolver de um momento para o outro. Ninguém quer falar de que teremos de fazer enormes esforços militares, a começar pelo orçamento, mas também na reorganização das forças armadas. Ninguém quer falar da Europa, do facto dela estar rodeada de perigos por todos os lados e minada por dentro. Discute-se a situação do país como se ele fosse uma ilha rodeada por um oceano impossível de navegar. A direita vive fixada nos impostos, como se isso fosse uma terapia para os males que nos atormentam. A esquerda vive em retracção, tentando gerir as perdas. A extrema-direita promete tudo a todos e o seu contrário, na ânsia de criar condições para liquidar a democracia liberal. Ninguém, todavia, está disponível para dizer a verdade daquilo que está à porta. Sobre a realidade internacional, apenas um grande silêncio.
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