O crescimento do populismo de direita, a sua representação parlamentar e a possibilidade de um aumento espectacular dessa representação não explicam tudo, mas ajudam a explicar alguma coisa. No ano passado, os crimes de ódio em Portugal cresceram 38% em relação ao ano anterior (aqui). Quando um discurso político de teor racista e xenófobo encontra o acolhimento que encontra nos meios de comunicação social, começa a gerar-se uma cultura em que se perdem as inibições para discriminar e violentar os que são diferentes. Essa cultura acaba por fomentar a manifestação daquilo que há pior nos seres humanos. A acção do populismo tem uma dupla vertente política. Uma política centrada na busca do poder e uma política cultural que visa substituir as normas da vida civilizada por normas fundadas na discriminação e na perseguição do outro. Pensar que o populismo nacional é benigno é deixar-se enredar numa fantasia. É tão perigoso como qualquer outro, a começar pelo de Trump e da extrema-direita americana acantonada em parte substancial do Partido Republicano.
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