terça-feira, 13 de março de 2018

Tiro ao boneco

Os portugueses têm um problema com as habilitações académicas e as doutorolices. O problema, porém, não está apenas do lado daqueles que acham por bem adoptar um currículo hiperbólico, talvez Freud explique o seu desejo inflacionário. Está também no entusiasmo esfuziante com que estes casos são tratados na esfera pública pela brigada da pureza académica. Em vez de estarmos a discutir, como se disso dependesse o destino não apenas da terra mas de todo o universo, se Barreiras Duarte foi visiting scholar em Berkeley ou não, seria mais recomendável que se estivesse a discutir as ideias de Rui Rio para o país, a não ser que Rio não tenha nenhuma e mais valha passar o tempo a fazer tiro ao boneco.

domingo, 11 de março de 2018

O congresso do CDS


Dei uma vista de olhos por uma série de fotos do congresso do CDS. Entre aquilo que se vê e as pretensões enunciadas por Assunção Cristas - ser a candidata da direita a primeiro-ministro - vai uma distância que parece infinita. Olha-se para a gente que frequenta o clube e percebe-se que o país é outra coisa. Não é que aquelas pessoas não façam parte do país. Fazem, mas o país já não as teme nem lhes tem reverência, nem tão pouco deseja ser como elas. E esse é o problema do CDS. Está enclausurado numa casta e o congresso parece uma reunião de boas famílias (honni soit qui mal y pense).

sábado, 10 de março de 2018

Do nosso lado

Sempre que alguém diz "A História está do nosso lado" não sei se hei-de chorar ou rir. Em primeiro lugar, a História é uma grande meretriz que dorme sempre com quem paga mais, isto é, com quem ganha. Assim, quem quiser casar com ela, e não lhe faltam pretendentes, prepare-se para ser enganado na primeira ocasião. Portanto, motivo para riso. Em segundo lugar, contudo, quando alguém diz que a História está do nosso lado, e não falta gente que diga que anda de braço dado com a rameira, não está a pensar em coisa boa. O senhor Bannon foi ao congresso da senhora Le Pen dizer isso mesmo (ver aqui), invocar o santo nome da galdéria História, o que me parece motivo de preocupação. Pessoas de bem não querem nada com a História. Suportam-na, mas não falam no nome dela. História é sangue, coerção, um cortejo de morte e violência. Querem ver a cara da História? Olhem para a Síria.