Uma notícia do Público mostra que na denominada Geração Z (pessoas nascidas entre meados dos anos 90 do século XX e 2010) há uma funda clivagem política entre mulheres e homens. As primeiras adoptam posições cada vez mais progressistas, enquanto os segundos estão cada vez mais conservadores. Parece ser a primeira geração em que a orientação de voto entre homens e mulheres apresenta clara divergência. O artigo refere algumas possíveis causas deste afastamento, uma produção cultural mais feminista, uma apologia do sexismo entre os homens ou o movimento #MeToo. A questão, porém, centra-se numa alteração cultural que se vem acentuando desde os anos sessenta do século passado, a crescente autonomia da mulher e as dificuldades que os homens têm em lidar com esse facto. Não apenas uma autonomia profissional, mas também uma autonomia sexual. A este factor liga-se ainda uma transição da clivagem entre direita e esquerda motivada pelas questões económicas e de luta de classes, para uma clivagem motivada por questões de carácter simbólico e identitário. Hoje, os homens das novas gerações sentem que o poder e a dominação masculina sobre as mulheres está em perigo, e as mulheres batem-se por proteger e alargar as posições adquiridas nas últimas décadas. É plausível pensar que um dos problemas políticos fundamentais dos próximas tempos se centre neste conflito, que é uma das causas do crescimento da extrema-direita e da direita radical.
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