O filme O Ovo da Serpente, de Ingmar Bergman, retrata Berlim nos anos vinte do século passado, onde a hiperinflação tornava a vida um inferno. O filme mostra o ambiente onde foi chocado o ovo que trouxe a serpente do nazismo. Um pouco por todo o lado, passados cem anos, parece que de novo outros ovos de serpente estão a ser chocados. Em Portugal, discute-se se uma manifestação da extrema-direita de intuitos racistas, xenófobos e provocatórios deve ou não ser proibida. Na Alemanha, a discussão é se a AfD, um partido de extrema-direita, o segundo em todas as sondagens, atrás apenas da democracia-cristã, deve ou não ser proibido. As democracias liberais estão a ser submetidas a intensos testes de stress. Os seus inimigos, aqueles que se atingirem o poder a destruirão, reivindicam as regras do jogo democrático para o matar. As hesitações de há um século conduziram à eliminação das liberdades em muitos lugares e a uma devastadora guerra mundial. Há um momento em que as democracia terão de tomar em consideração a visão de John Locke relativa à tolerância. Desta estavam excluídos os intolerantes. A sagacidade de John Locke, no século XVII, contrasta com as hesitações dos dias de hoje, iguais, aliás, às de há cem anos.
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