A nova Aliança Democrática começou ontem uma campanha centrada na corrupção. Num dos lados do cartaz dizia-se "Corrupção e falta de ética." e no outro "Já não dá para continuar". O cartaz é notável por dois motivos. Em primeiro lugar, porque é um encosto à retórica populista da extrema-direita. Depois, porque é lançado no mesmo dia que importantes membros do PSD, principal partido da coligação, são acusados de corrupção e constituídos arguidos. A corrupção não é o mal de um partido, como por vezes se pretende fazer querer. Ela está ligada ao poder. Os partidos de poder, sejam eles quais forem, terão sempre casos de corrupção, pois o poder atrai as pessoas disponíveis para se corromperem, e ainda mais numa sociedade como a portuguesa, onde a pequena corrupção - a cunha, o favor, etc. - é geral e endémica. Muitas vezes, os campeões da retórica anticorrupção, chegados ao poder, ou perto dele, acabam por ser os piores. O PSD achou que iria ganhar alguma coisa em imitar a extrema-direita e atirar uma bomba contra os socialistas. A bomba caiu-lhe em casa.
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