Segundo um especialista iraniano, a morte do Presidente do Irão é uma oportunidade para os conservadores endurecerem as suas políticas (aqui). Quando, em 1979, se deu a revolução iraniana, ninguém terá percebido a sua importância e o seu real significado. Isso parece manter-se verdade até aos dias de hoje. Na altura, o mundo estava ocupado com a Guerra Fria, o conflito entre os EUA e a URSS, e não tinha capacidade para acomodar o objecto bizarro que tinha emergido na antiga Pérsia. Depois, a Queda do Muro de Berlim toldou a mente dos ocidentais e encheu-os de ilusões sobre o triunfo do liberalismo mundial económico e político. É possível que nem os atentados do terrorismo islâmico tenham permitido perceber o que representou, na história do mundo, a revolução islâmica. A partir dela não cresceu apenas o apoio ao terrorismo islâmico, cresceu outra coisa. A intromissão da religião na política. Isso acontecia no mundo mulçumano, onde a Turquia funcionava como excepção, mas parecia que o mais natural é que isso desaparecesse. Hoje essa consciência é cada vez menor. A relação entre religião e política tornou-se ainda mais forte nos regimes muçulmanos, a própria Turquia abandonou o laicismo herdade de Kemal Atatürk. A Índia elege agora políticos que aliam o nacionalismo à religião e no mundo ocidental o peso da religião é cada vez maior na vida política, como se pode ver no Brasil, nos EUA ou, no Médio-Oriente de influência ocidental, em Israel. A Rússia não esquece de aliar os seus interesses geopolíticos a uma leitura religiosa do estado do mundo. Falta a contaminação da Europa, talvez por pouco tempo. A revolução iraniana é um momento decisivo do ataque contra os valores da modernidade e do Iluminismo no campo político, contra a separação do poder temporal da autoridade espiritual, contra a separação do Estado e do Templo.
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