Há uma acesa discussão sobre a liberdade de expressão. André Ventura decidiu, acerca do tempo de construção do novo aeroporto, fazer considerações sobre a disposição dos turcos para o trabalho. Os partidos de esquerda reagiram, o Presidente da Assembleia da República considerou que não lhe cabia fazer censura das considerações do líder do Chega. Em comentadores ligados à direita, Aguiar Branco é visto como o paladino da liberdade de expressão e a esquerda é tida como a eterna defensora do politicamente correto. À esquerda, o comentário é oposto. Os partidos de esquerda fizeram o seu papel ao denunciar o racismo expresso em Ventura e Aguiar Branco de ser conivente com esse racismo. Um drama que tapa, porém, uma outra questão. Melhor, duas.
Oculta a infantilidade das considerações de Ventura. As generalizações sobre povos - e os portugueses são objecto, em diversos lugares, de generalizações estereotipadas desagradáveis - parecem conversa de adolescentes mal saídos da infância, que ficam deslumbrados com o poder de desqualificação existente na linguagem. Duvido, como se pretende à esquerda, que se esteja perante um crime, mas não tenho dúvidas de que um representante do povo português deve evitar este tipo de linguagem. Sim, André Ventura, como qualquer deputado, representa o povo português e não apenas os eleitores que o elegeram. Ora, para além deste tipo de discurso adolescente, ou através dele, Ventura pretende lançar continuamente uma imagem negativa do parlamento. E isso não é por acaso. O que se pretende é a destruição das instituições democráticas. A sua defesa - perante, o problema que este tipo de intervenção corrosiva coloca - precisa de ser mais baseada na inteligência do que na indignação. A esquerda indignou-se, ficou de consciência tranquila, mas o mais plausível é que Ventura tenha saído reforçado na sua capacidade destrutiva. A esquerda precisa de pensar e não reagir como os cães na experiência de Pavlov.
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