Em entrevista no Público, o investigador da Universidade de Oxford e autor de O Fim da Vergonha, Vicente Valentim, afirma: Tornou-se óbvio que a direita radical como ideologia funciona eleitoralmente. A questão a saber, como em qualquer outra crença do espectro ideológico, é a que necessidades e pulsões comunitárias essa ideologia da direita radical vem responder. Se se olhar para o actual panorama ideológico, percebe-se que a questão igualitária perdeu atracção na comunidade e a própria questão da liberdade individual parece em retrocesso. O combate político, com a sua contínua urgência, oculta aquilo que se move fundo no interior das comunidades e impede a compreensão das razões pelas quais uma comunidade - ou parte significativa dela - faz opções moralmente inaceitáveis ou mesmo repugnantes. Isto não se passa apenas com o actual fenómeno do crescimento da extrema-direita e da direita radical. A seguir ao 25 de Abril, os defensores do regime caído foram incapazes de perceber as pulsões igualitárias e liberais que existiam no interior da comunidade portuguesa e vieram ao de cima com o ruptura política. Para compreender estes fenómenos é inútil o recurso à moralidade. Será melhor tentar compreender aquilo a que se poderia chamar, usando noutro contexto o conceito de Jung, inconsciente colectivo, o inconsciente colectivo nacional.
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