Mesmo pessoas com grande experiência de acompanhamento dos fenómenos políticos, por vezes, parecem que não estão a compreender a fundo o que significa o crescimento dos partidos de extrema-direita nacionalista na União Europeia. Veja-se o que diz um analista experimentado como Francisco Sena Santos (aqui): Está em causa, na escolha nos 27 países dos 720 eurodeputados, que a Europa continue ou não a adotar medidas verdes e azuis de combate às alterações climáticas, mitigação dos efeitos e avanço da transição energética. Também em causa a orientação nas políticas sobre acolhimento de migrantes, o posicionamento sobre interrupção de gravidez e questões de género e até mesmo o relacionamento com Putin. São problemas reais e importantes. Contudo, o que está em jogo é muito mais decisivo do que isso. O crescimento dos nacionalismos é uma ameaça para a paz entre europeus. A União Europeia, nas suas diversas designações históricas, tem sido uma muralha contra a guerra, um exercício político contínuo de construção da paz na Europa. Os nacionalismos, como aconteceu durante o século XX, e já antes, no XIX, têm poder para arrastar os povos para conflitos e, nas actuais circunstâncias geopolíticas, tornar a Europa num território apetecível para aqueles que nunca, na verdade, desistiram de a dominar. O problema colocado pela extrema-direita não é apenas de políticas internas ou climáticas, mas de natureza existencial. Eles podem ser a chave para que o continente europeu deixe de ser aquilo a que nos habituámos nos último séculos.
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