Há, num artigo sobre o ambiente actual na Assembleia da República (aqui), uma revelação curiosa. Nuno Magalhães, em tempos líder da bancada do CDS, diz ter feito um acordo com o líder da bancada comunista. Esse acordo previa que a bancada centrista não se referia ao PCP e ao BE como extrema-esquerda e estas bancadas não se referiam ao CDS como extrema-direita. Este acordo é interessante por dois motivos. Em primeiro lugar, porque o epíteto de extrema-direita ou extrema-esquerda é usado, muitas vezes, não como classificação cientificamente adequada de certa força política, mas como arma de arremesso político. Na verdade, nem o CDS era ou é de extrema-direita, nem o BE e o PCP eram ou são de extrema-esquerda. Em segundo lugar, o acordo é interessante porque mostra que é possível conflituar politicamente sem ser necessário acusar o outro lado daquilo que não é. O facto de o CDS, um dia, ter deixado de colocar BE e PCP nos extremos e de estes terem feito o mesmo ao CDS não significa que passaram a ter visões próximas do que é bom para o país, mas que entenderam que a urbanidade democrática deve impedir catalogações falsas e, na verdade, perversas. Isto não significa que não exista, neste momento, uma autêntica extrema-direita no parlamento, mas esse é outro assunto.
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