A liberdade de expressão é um bem fundamental das nossas sociedades. Contudo, ele encerra possibilidades perversas. Um exemplo disso é reportado pelo jornal online Polígrafo: "Numa mensagem enviada ao Polígrafo, alega-se que o presidente da Câmara de Coruche prometeu casas à comunidade cigana "com medo de perder as eleições". Impossibilitado de cumprir o acordo por não ter vencido as eleições autárquicas, terá sido vítima de violência. Diz-se ainda que a GNR interveio, mas também foi alvo de agressões." Qual o problema com esta mensagem? É que ela é completamente falsa. Foi posta a correr para criar um certo ambiente com fins políticos evidentes. Mais do que isso, este tipo de mensagens, apesar da sua falsidade, tem um poder de persuasão muito maior do que o desmentido factual. Aquilo a que se está assistir, sem saber como lidar com isso, é que os direitos, liberdades e garantias estão a ser usados para criar um ambiente político que permita a sua abolição. As democracias estão a mostrar-se impotentes para lidar com um discurso perverso, fundado em mentiras - quanto mais descaradas, mais eficazes, parece ser a realidade - para destruir essa mesma democracia. A esfera pública foi, em tempos, uma grande âncora dos regimes democráticos. Hoje, porém, tornou-se, devido às redes sociais, uma cloaca, como lhe chama Pacheco Pereira, apostada em afogar as democracias nos excrementos que os seus inimigos não param de fazer crescer.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.