Na candidatura de Santana Lopes à liderança do PSD há
qualquer coisa de estranho. Um sentimento de desadequação ou de
intempestividade. Isto não tem nada de pessoal ou, sequer, de ideológico. Simpatizo
com a personagem, parece-me um bom tipo, embora não vote na sua área política. Olha-se
para ele e percebe-se que pertence a um tempo que já passou. Veja-se, por
exemplo, a afirmação “não sou candidato por obsessão por défice zero”. Agora
que a esquerda, de forma assumida ou encapotada, se interessa vivamente pela
redução do défice e por ter as contas do Estado em ordem, é estranho ouvir um
candidato a líder do PSD dizer que não tem obsessão pelo défice. O problema não
é da obsessão. Ninguém tem obsessão por défice zero, nem mesmo Passos Coelho
teria. O problema é que, se a situação internacional descambar, talvez seja
melhor ter as contas em ordem do que não as ter. Na verdade, Santana Lopes faz
parte de uma geração de políticos em que o dinheiro do Estado compra a eleição.
Não é só ele e não é só no PSD, claro. No PS, são multidão. Ora, esse tempo
acabou. O melhor, mesmo sem obsessões, é compreender que o Estado deve ser
frugal. Frugal não quer dizer mínimo. Quer dizer que deve gerir os dinheiros
públicos com respeito e parcimónia, sem descurar as suas funções políticas e
sociais.
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