sexta-feira, 20 de outubro de 2017

A grande coligação

Depois da trágica saga dos fogos, parece que ainda não se percebeu nada, rigorosamente nada. Nem à esquerda, nem à direita, nem nos independentes, nem nos apolíticos. O problema não é da prevenção, nem do combate, nem da floresta, nem da ordenação do território, nem da desertificação. Tudo isso é problemático, muito problemático, mas o principal problema não está aí. Está na leviandade que tomou conta de tudo, de todas as instituições. Raramente se leva alguma coisa a sério. Raramente há autoridade política. Raramente há pensamento sério. Tudo é, neste país, circunstancial. Tudo é uma encenação medíocre para que os medíocres, independentemente da cor do governo, governem. As instituições promovem medíocres. E, como se sabe, a má moeda expulsa a boa. Os medíocres conspiram, protegem-se, tornam a vida insuportável aos que tentam pôr um pouco de ordem e de sensatez nas instituições. Os medíocres apropriaram-se dos partidos e constituem agora uma verdadeira coligação que governa Portugal. Esta coligação não é de esquerda, nem de direita. Ela é de todas as cores. Os governos caem, mas a coligação mantém-se e governa o país. É inexorável. Liquida quem mostre o mais leve resquício de talento. Quando se fala em meritocracia em Portugal dá-me vontade de rir. Um país entregue à estupidez manhosa, à impreparação, ao compadrio dos medíocres. Um país onde se cultiva estultícia para se colher desgraça. Esse é o grande problema. Tudo isto é muito, muito cansativo.

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