Portugal, através de alguns esforçados militantes das
redes sociais, deu um precioso contributo para a teoria da argumentação
política. Dois esmagadores argumentos são agora apresentados nos debates online
e com os quais qualquer tese fica de imediato demonstrada. E que
extraordinários argumentos são esses que, mal pronunciados, tornam manifesto
que quem os utiliza está na verdade? Quais são essas evidências que deixam a
evidência cartesiana à beira de um ataque de nervos. Na verdade, não são dois,
mas um formulado de dupla maneira. Eu sei que o leitor está desejoso de
enriquecer o seu baú dos argumentos, os quais hão-de ajudá-lo a pôr de rastos
os seus adversários políticos. Calma, a espera recompensa. Alguém diz alguma
coisa – por exemplo, os tipos do governo são todos uns corruptos ou o pessoal
de teu partido está a preparar-se para meter a mão no pote – e demonstra-a, de
imediato, com um troante “E mais não digo!”. O adversário ajoelha, sem fôlego.
Esta é a versão discursiva do argumento. Há também uma versão topológica.
Depois de enunciada uma qualquer tese, por norma idêntica às anteriores, o
excelso retor fulmina o adversário com o poderoso argumento: “E por aqui me
fico!”. Não imagina o leitor, como o adversário fica siderado com um “E mais
não digo!”. Fica em profundo silêncio hesitando se se há-de
converter ou cometer hara-kiri. E perante o poderoso “E por aqui me fico!”, o
que pode acontecer? Consta que, perante a evidência do argumento adversário, há
pessoas que se atiram para dentro de poços ou da janela de um qualquer quinto
andar. “E por aqui me fico!”. Portugal entrou para história da retórica
política. “E mais não digo!”
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.