Se faltassem sinais, e não faltavam, de que o Chega visa implodir o sistema democrático tal como está concebido, o caso do voto de condenação do Presidente da República pelas declarações sobre as reparações coloniais está aí. As declarações de Marcelo Rebelo de Sousa são inapropriadas tanto pelo contexto como pela forma, mas inscrevem-se, em última análise, no âmbito da liberdade de expressão. Mas mais do que o voto de condenação é o discursos usado - traição à pátria - e a sugestão de poder levar o Presidente à Justiça por esse putativo crime. (aqui) Ventura e os seus não perdem uma oportunidade para escavar as instituições e para criar uma narrativa inaceitável numa democracia civilizada, uma narrativa em que uma opinião é catalogada como um acto de traição e que um Presidente da República eleito pela própria direita é sugerido como um inimigo. É possível que muitos políticos democráticos, tanto da direita como da esquerda, não levem estas diatribes a sério e, de modo condescendente, encolham os ombros perante mais uma traquinice do Chega. Um dia destes podem acordar numa situação muito desagradável.
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