Segundo Vicente Valentim, cientistas política na Universidade de Oxford, o crescimento da direita radical deve-se ao fim da vergonha (aqui). Havia nas sociedades europeias uma corrente desta direita mais radical, mas que se encontrava recalcada pela censura social. As ideias de extrema-direita tinham sido responsáveis pela segunda guerra mundial e essa visão política do mundo estava associada a factos traumáticos, os quais provocaram uma rejeição geral. Em Portugal, não participante nessa guerra, a direita radical estava conectada ao salazarismo e a uma ditadura que durou 48 anos.
O fenómeno real do fim da vergonha está conectado com um outro, o da erosão da memória colectiva. Os defensores de regimes autoritários - é isso que a direita radical pretende impor, em Portugal sob a elusiva designação de IV República - e totalitários perdem a vergonha porque as sociedades perderam a memória dos regimes que essa direita promoveu. Um dos equívocos que a perda da memória gera é o de olhar para essa direita como mais um concorrente ao poder num regime democrático-liberal. Ora, alguma memória permitiria perceber que essas forças apenas usam as liberdades para lhes acabar com elas. É possível que, paulatinamente, as democracias europeias estejam a caminhar para o seu fim. A memória não é eterna.
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