Não estará longe o dia em que o PCP terá de substituir
Jerónimo de Sousa à frente do partido. Não será um pequeno problema. É verdade que
os comunistas vivem fixados na imagem do Dr. Álvaro Cunhal, a quem, talvez para
sublinhar uma proximidade que nunca existiu, chamam apenas Álvaro. No
entanto, Cunhal que nem dos comunistas foi próximo, pelas suas
características psicológicas, pelo seu ar aristocrático e distante, pela sua
preparação política e pela sua inteligência penetrante, sempre foi um estranho –
por vezes, um inimigo – para a generalidade dos portugueses não comunistas.
Jerónimo de Sousa, não ostentando as capacidades de Cunhal, conseguiu
estabelecer uma relação normal do Partido Comunista com o país. A afabilidade,
a honestidade e a humildade do actual secretário geral dos comunistas foram
essenciais não apenas para que o PCP fosse olhado de forma mais benevolente
pelos portugueses não comunistas, como se tornasse um partido com real
influência na governação do país. Todos sabemos que o fim da URSS contribuiu, e
muito, para isso, mas a figura de Jerónimo de Sousa foi fulcral para uma
subtil, mas decisiva, mudança da imagem dos comunistas portugueses. Substituir
o antigo operário não vai ser fácil.
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