domingo, 19 de novembro de 2017

A vociferação

Com a questão das progressões na carreira pelos professores, a esquerda enrolou-se sobre si mesma e, se não houver um módico de inteligência, está a preparar o caminho para o retorno em força da direita. Mesmo que o acordo entre governo e sindicatos de professores seja uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma, a vociferação de outros corpos da função pública representa um desgaste político contínuo para a actual solução governativa, desgaste que parece não ter fim à vista. O que se está a passar mostra os limites ideológicos dos grupos políticos que apoiam a actual situação. Por um lado, os partidos que estão fora do governo, continuam presos a lógicas particulares, incapazes de olharem para o país como um todo que tem de viver num ambiente que não determina e que é altamente ameaçador. Por outro, o partido do governo, dividido entre a responsabilidade perante a União Europeia, a falta de uma legitimidade política inequívoca e a leviandade que, desde há muito, é imagem de marca dos socialistas, mostra-se atarantado, sem saber que rumo tomar. A esquerda parece que ainda não percebeu que os grande problemas do país não são os rendimentos dos professores, dos médicos, dos militares ou da função pública em geral. E se não percebeu isso, não percebeu nada. A esquerda tem tido tudo na mão. Se falhar, não se pode queixar a não ser de si mesma. E se ela falhar, serão os seus eleitores, e não as elites políticas de esquerda, que pagarão duramente o falhanço.

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