Com a questão das progressões na carreira pelos professores,
a esquerda enrolou-se sobre si mesma e, se não houver um módico de inteligência,
está a preparar o caminho para o retorno em força da direita. Mesmo que o
acordo entre governo e sindicatos de professores seja uma mão cheia de nada e
outra de coisa nenhuma, a vociferação de outros corpos da função pública representa
um desgaste político contínuo para a actual solução governativa, desgaste que
parece não ter fim à vista. O que se está a passar mostra os limites ideológicos
dos grupos políticos que apoiam a actual situação. Por um lado, os partidos que
estão fora do governo, continuam presos a lógicas particulares, incapazes de
olharem para o país como um todo que tem de viver num ambiente que não
determina e que é altamente ameaçador. Por outro, o partido do governo,
dividido entre a responsabilidade perante a União Europeia, a falta de uma
legitimidade política inequívoca e a leviandade que, desde há muito, é imagem
de marca dos socialistas, mostra-se atarantado, sem saber que rumo tomar. A
esquerda parece que ainda não percebeu que os grande problemas do país não são
os rendimentos dos professores, dos médicos, dos militares ou da função pública
em geral. E se não percebeu isso, não percebeu nada. A esquerda tem tido tudo
na mão. Se falhar, não se pode queixar a não ser de si mesma. E se ela falhar,
serão os seus eleitores, e não as elites políticas de esquerda, que pagarão
duramente o falhanço.
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