Está na moda, depois de vários desaires eleitorais, a ideia de uma união das esquerdas, ideia essa que recebeu mais combustível com a constituição em França da Nova Frente Popular. Será possível? A ideia é plausível, por exemplo, na disputa das câmaras municipais de Lisboa e do Porto. Eventualmente, a de mais uma ou duas grandes, para a nossa dimensão, capitais de distrito.
Uma frente popular à portuguesa não parece possível, pois há uma diferença significativa entre os socialistas e os partidos à sua esquerda, com a excepção do Livre. As pessoas não se lembram ou não sabem, mas mesmo nas últimas duas eleições - se aquilo eram eleições - no regime anterior, em 1969 e em 1973, não existiu essa convergência das oposições. A oposição apresentou-se dividida entre a CEUD, de influência socialista, e a CDE, onde a influência maior era a do Partido Comunista.
Poderão existir novas geringonças, inclusive com governos pluripartidários, mas isso representará sempre um acordo em que nenhuma linha essencial dos compromissos portugueses com a NATO e o projecto europeu será posta em causa. Tal como aconteceu em 2015. Claro que o fim da NATO e a implosão da União Europeia alterará os dados do problema, entrando-se numa era de turbulência que trará novas formas de lidar com a realidade, mas não é isso que neste momento está em causa.
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