segunda-feira, 24 de junho de 2024

Psicopatas na política

João Carlos Melo, psiquiatra, é autor do livro Lugares escondidos da mente - do mais sombrio ao mais luminoso da mente humana. Fala de psicopatas (aqui). Descreve-os como pessoas malévolas, que não sentem culpa nem compaixão. Vivem entre nós, usando uma máscara, e algumas estão em lugares de poder. Diria que o poder - qualquer tipo de poder, mas, mais acentuadamente, o poder político - tem uma enorme capacidade de atracção deste tipo de personalidades. Basta olhar para a história, para os regimes políticos autoritários e totalitários e, de imediato, se descortina a presença de personalidades psicopatas.

A democracia liberal não é apenas uma forma de determinar quem governa sem passar pelo confronto violento. Representa também a possibilidade da avaliação moral dos candidatos ser um dado importante na escolha dos eleitores. No entanto, é apenas uma possibilidade e não uma condição necessária. Quanto maior é a polarização política, mais os eleitores se sentem atraídos por personagens políticas claramente psicopatas, as quais tudo fazem para intensificar essa polarização. Há uma sedução pelo mal que eles representam e que muitos eleitores esperam que façam cair sobre os do outro lado. 

Em política, o problema não reside apenas na existência de políticos de personalidade psicopata. Ele está, de forma mais acentuada, na atracção dos eleitores por essas personagens, destituídas de culpa e incapazes de compaixão. A partir de certa altura há uma fusão entre o político de personalidade psicopata e os eleitores que vão perdendo, movidos pela paixão política, a capacidade de se pôr no lugar do outro, de sentir culpa pelas suas opções ou de ter qualquer compaixão por quem pensa de modo diferente. E isto está a acontecer em muitas democracias, e Portugal não é uma excepção.

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