O caso das gémeas brasileiras tratadas no hospital de Santa Maria é interessante a dois títulos. É interessante porque parece resultar de uma cadeia de cunhas, a qual se inscreve na cultura nacional. Este comportamento faz parte do modo como, há séculos, vivemos e parece estar inscrito naquilo que poderíamos chamar o ADN social dos portugueses, caso existisse um ADN social. É interessante também porque aquilo que está em jogo é mais do que apurar a verdade sobre quem meteu a cunha ou de onde partiu a sugestão da cunha, mas aproveitar a situação para fragilizar já não um partido político apenas mas a democracia. Seria interessante saber quantos dos indignados contra o regime por causa da cunha que favoreceu as crianças brasileiras nunca foram beneficiários de cunhas ou agentes promotores de cunhas. Não tenhamos ilusões, o que move aqueles que gritam indignados não é pôr fim à cultura nacional da cunha, mas pôr fim ao próprio regime democrático, para que eles e só eles possam gerir a distribuição das cunhas.
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