Continuemos com o populismo de esquerda. Vale a pena ler o artigo O problema Mélenchon, de Jorge Almeida Fernandes, no Público. Os resultados eleitorais em França redundaram numa grande confusão. Nenhuma força política tem uma maioria que a sustente no governo. A vitória da Nova Frente Popular é muito curta para ter qualquer veleidade para aplicar, por inteiro, o seu programa. Ora, Jean-Luc Mélenchon reivindica, desde o início, a aplicação total do seu programa. Na verdade, ele é um populista, cujo adversário principal está longe de ser a senhora Le Pen. Aquilo a que Mélenchon e a sua França Insubmissa se opõe com unhas e dentes é ao Presidente Macron e aos liberais.
O mais sensato seria a coligação vencedora negociar um programa de governação com as forças apoiantes de Macron, um programa que resolvesse alguns problemas que suportam o apoio popular à extrema-direita, um programa em que liberais e socialistas, de vários matizes, cederiam, sem que nenhuma das partes tivesse de perder a face. Em nome da República, do Estado de direito e da democracia liberal. O grande obstáculo parece ser Mélenchon e o conflito que uma certa esquerda tem com o adjectivo liberal da democracia. Veremos se a vitória das esquerdas unidas não irá redundar numa pesada derrota.
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