Pedro Norton, no Público de hoje, tem um artigo com o interessante título Mais Keir Starmer, menos Mélenchon. O artigo comenta favoravelmente a recusa da direcção do Partido Socialista em participar numa edição à portuguesa de uma Frente Popular, como aquela que houve em França nas últimas eleições. Há contudo um problema neste tipo de reflexões a favor de opções políticas moderadas, opções virtuosas, mas que omitem alguns pormenores.
A questão que se deve colocar é a seguinte: Que razões levaram o eleitorado a desertar do centro político? A resposta não parece difícil. O centro político - tanto à direita como à esquerda - não teve em conta os anseios, preocupações e medos do eleitorado, e este entregou os votos aos radicais. Há políticas que seria necessário, como aconteceu outrora, que o centro as realizasse, mas há muito que o centro está hipotecado a uma visão do mundo que em vez de reforçar, em número e qualidade, as classes médias, as destrói.
Estas eram a grande base de apoio dos partidos do centro. Como estes adoptaram políticas que atingiram os interesses do seu eleitorado, é plausível que este procure abrigo no alforge dos radicais. Sim, precisamos de políticos moderados, mas para fazer aquilo que se têm recusado a fazer e evitar que as pessoas, em desespero de causa, procurem soluções radicalizadas. Isto é, evitar a aplicação de opções de um liberalismo económico radical. Os moderados devem voltar a ser moderados.
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