Há, em Portugal, uma expressão política de contornos tenebrosos. Trata-se de "centrão". Designa o arco da governação, PS, PSD e CDS, os quais vão trocando de lugar na governação e na oposição. Por norma, é associada aos interesses, como quando se diz o "centrão de interesses". Isto faz parte da bavardage política. O seu carácter tenebroso está naquilo que não é dito. A mensagem subliminar é se o centro não é virtuoso, então a virtude estará nos extremos. É uma forma encapotada de louvar soluções políticas insensatas e perigosas. Sempre que a solução política se radicaliza, a sociedade fractura-se. As soluções de centro - ora à direita, ora à esquerda - não são iguais, mas asseguram um equilíbrio que evita a polarização política e promove a prudência nas decisões. Contrariamente ao que muitos pensam, dirigir uma comunidade política não visa arrastá-la numa aventura, mas assegurar a sua continuidade no tempo e a sua unidade na forma.
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