sexta-feira, 2 de agosto de 2024

A sombra de Gouveia e Melo

Segundo uma sondagem da Intercampus para o Correio da Manhã (aqui) só Gouveia e Melo faria alguma sombra a uma eventual candidatura presidencial de António Guterres. Seria, na direita, o candidato melhor colocado. Como não é plausível que António Guterres se candidate, parece haver um largo horizonte para uma candidatura vitoriosa de Gouveia e Melo. Ora, se isso acontecer, estamos perante uma imagem sombria da nossa vida política. Por um lado, porque os militares, numa democracia saudável, devem permanecer afastados da política. Isto seria um retrocesso que nos levaria ao tempo das duas primeiras eleições presidenciais, pós 25 de Abril, nas quais eram militares as principais figuras na disputa pela presidência. Em segundo lugar, sublinharia, mais um vez, a dificuldade dos portugueses em aceitar uma visão civilista do poder político. Gouveia e Melo não deu qualquer prova de competência política - e não tinha que dar, pois não é político - e aquilo que o tornou uma personagem pública, organizar a distribuição das vacinas no tempo da pandemia, não nos diz nada sobre a sua competência política. Por fim, a sua candidatura seria um projecto político meramente pessoal, a que, eventualmente, os partidos políticos da direita se teriam de submeter. Ora, conhece-se muito pouco ou nada do pensamento político de Gouveia e Melo. O que poderá um homem de acção, como deve ser todo o militar, querer de um cargo político que tem poucos poderes que permitam agir?

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