Um factor de perversão da democracia portuguesa é a existência de ex-líderes políticos como comentadores nas televisões generalistas. Foi a partir desse comentário que Marcelo Rebelo de Sousa chegou à Presidência da República. As eleições de 10 de Março estão, de algum modo, pervertidas pelas intervenções de Paulo Portas e Marques Mendes, dois antigos dirigente dos partidos da AD e actuais apoiantes, incluindo na campanha, dessa mesma AD. Têm um espaço de comentário sem contraditório e apresentam-se às pessoas como se fossem independentes, enquanto interpretam a realidade de acordo com a visão dos seus partidos. A estratégia é parecer que se está a analisar objectivamente governos e oposições, distribuindo críticas e elogios como se se possuísse um padrão neutro de avaliação. Ora, esse padrão neutro não existe e aquilo que é feito não passa de condicionamento do eleitorado, fundamentalmente daquele que pode votar ora no centro direita, ora no centro esquerda. Esse condicionamento é fabricado pela passagem de certas narrativas que enquadram a apreciação da realidade política, distorcendo-a e favorecendo um dos lados. A questão nem é de estabelecer um equilíbrio de comentadores com a vinda para espaços televisivos idênticos de comentadores provenientes da esquerda. A questão é mesmo acabar com comentários feitos por pessoas comprometidas com posições político-partidárias e que parecem sugerir que, naqueles espaço, são independentes. Não o são.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.