Diz o doutor Rio: "O PSD não é um partido de direita nem é a direita, é um partido social-democrata e a social-democracia é ao centro, não é à direita nem à esquerda." Em primeiro lugar, Rui Rio está
equivocado. A social-democracia sempre foi de esquerda. Que o antigo PPD se
tenha dado o nome do PSD, isso não passou de um mero expediente. A
social-democracia está ligada ao movimento operário e evoluiu de movimento
revolucionário para movimento reformista, sem deixar de ter essa relação com o
mundo do trabalho e dos sindicatos. Em segundo lugar, o centro pode ser
conquistado sem necessidade de recorrer à tradição social-democrata. Em muitos
países uma combinação de pensamento democrata-cristão e de pensamento liberal -
por vezes, mesclado com pensamento conservador - tem tido capacidade de
mobilizar o centro e fornecer alternativas de governo sólidas, muitas vezes
mais atraentes para o eleitorado do que as alternativas social-democratas. Já
era tempo em Portugal de nos deixarmos deste tipo de fogos de artifício.
Portugal já tem demasiados partidos social-democratas (do PS ao PCP, passando
pelo BE, todos têm programas de governação social-democratas). Não seria mau
para a democracia que a direita tivesse alguma solidez ideológica. A cada um a
sua tradição. E se a tradição da direita tem de ser inventada, ao menos que a
invente fora do território da esquerda.
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