"Começa-se por classificar discurso, monitorizar
discurso e acaba-se com Ministérios da Verdade." (ver aqui) Isto é um exemplo
de uma falácia que se ensina a adolescentes nas escolas secundárias. Haverá
quem encolha os ombros, haverá quem julgue que foi um infeliz erro de
pensamento, mas que corrigido reporá a bondade da prosa da Iniciativa Liberal.
Haverá outras formas de interpretar o uso da falácia. Uma delas, caída em
desuso nos dias de hoje, a da escola da suspeita, perguntaria: o que está a
ocultar aquela falácia? O que quer esconder a IL ao usá-la? Uma hipótese será o
próprio problema. A forma como os promotores do ódio e da intolerância,
aproveitando a liberdade de expressão e potenciados pelas redes sociais, estão
a socavar as instituições democráticas. Esconde ainda outra coisa. A debilidade
da sociedade civil - se não a complacência de parte dela - para lidar com a
disseminação do discurso do ódio. A solução do governo é má? Possivelmente, mas
aquilo que a IL propõe para lidar com a questão é nada ("Liberalismo é
liberdade de expressão e responsabilidade individual."). Há um problema
muito complicado que se liga à própria natureza da linguagem, à sua profunda
ambiguidade e aos seus efeitos perlucotórios. Pode-se fomentar um clima de ódio
e de absoluta intolerância sem que se usem expressões que sejam abertamente
criminosas. A solução governamental desagrada-me, além de ser ingénua (será
interessante ler os comentários ao post da IL), mas a diatribe da IL serve
apenas para ocultar um problema muito complexo, cujas variáveis são a liberdade
de expressão, a saúde das instituições democráticos, a possibilidade da
tolerância, a realidade das redes sociais e a natureza complexa da linguagem.
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