António Costa está a fazer ao Bloco de Esquerda (ver aqui) aquilo que
fez a António José Seguro, ou que, anos antes, Paulo Portas tinha feito a
Manuel Monteiro. Se quisermos interpretar a questão do ponto de vista moral,
erramos o alvo. Quem quiser alcançar a glória dos altares, não vai para a
política. O que está em jogo na política não é a fidelidade aos amigos mas o
poder. Maquiavel explicou-o no início do século XVI. A bondade do ataque de AC
ao Bloco de Esquerda só pode ser avaliado pela sua eficácia. Se conseguir
limitar a influência do BE e alcançar uma maioria absoluta ou uma maioria
relativa que dispense o BE, então AC fez o que devia. Se, contados os votos, o
PS precisar do BE para sustentar um governo, cometeu um erro (embora não
irreparável). O comportamento do actual primeiro-ministro é igual ao de
qualquer outro político em luta pelo poder, seja em democracia ou em ditadura,
seja de esquerda, centro ou direita. Faz e desfaz alianças conforme a
necessidade e as conveniências. Em política, todos os amigos são de ocasião e
qualquer companheiro não passa de um compagnon
de route que se tentará alijar na primeira estação de serviço.
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