Este par - André Ventura (AV) e Diogo Pacheco Amorim (DPA) - é suficiente para se perceber que o Chega não é uma mera agremiação de indignados analfabetos. Tem no seu círculo de apoio muitos analfabetos e muitos indignados de ocasião, mas começa-se a perceber que há gente que pensa politicamente com profundidade. A tentação que há em desvalorizar o que nos horroriza ou cobrir o temor com frases exaltadas não nos ajudará a perceber o fenómeno Chega e as forças que o dirigem. Considerar estas pessoas como idiotas é cair no ardil que AV tem tentado estender. Não apenas AV é muito mais consistente do que aquilo que ele quer fazer crer quando se arma em indignado de serviço para atrair os ressentidos, como DPA dá uma armadura ideológica e, fundamentalmente, uma ligação à tradição da velha direita mais ultramontana e às suas solidariedades que não devem ser desprezadas. Gritar que são fascistas (mesmo que o sejam, embora isso me pareça um anacronismo), por exemplo, pode servir para esconjuro mas não contribuirá para eliminar o fenómeno.
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