sábado, 23 de fevereiro de 2019

A todo o vapor

As coisas que nos acontecem nas redes sociais. Há pouco choquei aqui mesmo (no facebook) com um antigo cartaz do MRPP. A Revolução deve avançar a todo o vapor, dizia numa mescla vibrante de amarelos e vermelhos e foices e martelos. E eu fiquei siderado pelo imperativo. Depois daquele momento de estupor que tamanha revelação produz, a razão, velha serpente nascida nos infernos, perguntou-me: avançar, mas avançar para onde? E eu perplexo respondi-lhe que deve avançar, porque uma revolução é uma coisa que avança, avança, avança, nem que seja para trás. O que importa é avançar, acrescentei. A rameira batida na borda das estradas, sorriu e voltou-se para mim: deve avançar seja lá para onde for, mas devagarinho. Devagarinho? Interroguei e acrescentei: devagarinho não, a todo o vapor. E ela, a messalina, para me atazanar, diz: mas onde vives tu, ó meu pobre idiota, se achas que mesmo nos anos 70 do século passado andar a vapor era símbolo de rapidez? Olha, diz-me ela, vai apanhar o TGV para Madrid ou um avião para Mérida. A todo o vapor.

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